Foto: divulgação Academia 42
Muito é dito sobre a crise de professores e as informações não são novas. Os dados já apontavam que a situação ficaria cada vez mais crítica. O que foi feito até agora não resultou. Se ficarmos apenas em planos de contingência, pode escapar-nos uma grande oportunidade de levar a educação por caminhos que construa a eficiência que o futuro exige.
Que modelo atrairia os jovens para o ensino? Que medidas poderiam transformar as escolas de modo a terem resultados mais efetivos com menos recursos financeiros e humanos?
O Problema mais grave: a crise do modelo de escola tradicional
Faltam professores. Faltam cursos para formação de professores. A concorrência com outros empregos é difícil de ser vencida e são poucos os jovens que olham a profissão como atrativa. Se olharmos com mais atenção, a crise é ainda mais profunda, sistêmica:
Entrevista concedida dia 07 de outubro de 2024
As soluções para os milhares de alunos sem professores tem sido arrumar quem preencha o tempo dos miúdos alterando os requisitos para a docência, a criação de incentivos de mobilidade, de alojamentos, entre outras iniciativas que são necessárias à emergência, mas que não vão ao cerne da questão: a crise do modelo tradicional de escola.
O #Nem1SemProfessor perguntou ao Pedro Santa Clara sobre essas soluções paliativas, ao que ele responde que falta ousadia nas propostas:
Entrevista concedida dia 07 de outubro de 2024
O modelo educacional atual, com sua estrutura rígida e centralizada, não tem resultados de excelência e nem responderá às demandas de um futuro próximo. Pedro Santa Clara explica que esse modelo tem gerado altos índices de insucesso escolar, uma enorme desigualdade no acesso à educação e uma desconexão crescente entre o que é ensinado nas escolas e o que é exigido pela sociedade e pelo mercado de trabalho.
"A educação em Portugal ainda é muito cara, mesmo na escola pública, e há grandes assimetrias no acesso à educação de qualidade".
Este é um cenário comum em muitos países que ainda não se adaptaram às revoluções tecnológicas. A educação que muitos alunos recebem hoje foi moldada para as necessidades da Revolução Industrial, quando o foco estava em formar trabalhadores para fábricas e empresas, com pouca margem para a criatividade ou inovação.
No entanto, o mundo já atravessou uma revolução digital, e novas tecnologias mudam cada vez mais rápido a forma como vivemos e trabalhamos. A escola, porém, ainda não acompanhou esse ritmo de transformação.
"Temos muita dificuldade em imaginar uma escola diferente daquela em que passamos tantas horas da nossa vida", reflete Pedro. Isso cria um enorme descompasso entre as habilidades que os jovens adquirem e as demandas do futuro.
A Solução: Inovação e Autonomia para as Escolas
Diante desses desafios, Pedro reafirma que as escolas precisam ganhar mais autonomia para experimentar novos modelos pedagógicos e focar em resultados. Ele sugere que o Ministério da Educação deveria permitir que as escolas tenham mais liberdade para contratar, formar e incentivar professores de acordo com suas necessidades específicas. Além disso, que passem por avaliações rigorosas de qualidade.
Enquanto a educação em muitos países, incluindo Portugal, ainda está ancorada na era industrial, a revolução digital já transformou profundamente o mundo do trabalho e as habilidades necessárias para prosperar nele. A automação e a inteligência artificial estão remodelando profissões e criando novas exigências para os trabalhadores.
O Fórum Econômico Mundial estima que, nos próximos anos, cerca de 65% das crianças que estão no ensino fundamental hoje trabalharão em empregos que ainda não existem.
A pergunta que se coloca é: como podemos preparar esses alunos para um futuro tão incerto?
A resposta está em uma educação que valorize a criatividade, a autonomia e o uso eficaz da tecnologia.
"Precisamos de modelos pedagógicos mais ágeis e eficazes, que estejam em sintonia com as necessidades da sociedade e que preparem os alunos para os desafios que estão por vir", afirma Pedro.
Nesse cenário de uma educação mais ativa, o papel dos professores é diferente:
Entrevista concedida dia 07 de outubro de 2024
A quem olha de fora, essa escola do futuro parece muito distante de nós, mas para o Pedro, que está a provar que o ensino pode ser gratuito, flexível às características dos alunos, além de leve e interessante para quem conduz, é exequível.
O #Nem1SemProfessor apresenta com mais detalhe a Academia 42 e o TUMO no artigo da Galeria de iniciativas.
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